DILI (TOP) - O Presidente da República, J. Ramos-Horta participou este sábado na cerimónia comemorativa do 26.º aniversário do Dia da Consulta Popular, realizada no Jardim de Lecidere, em Díli, com a presença da comunidade, das autoridades nacionais e da comunidade internacional.
No seu discurso, o Chefe de Estado recordou que a realização da consulta popular, há 26 anos, só foi possível graças à mudança política ocorrida na Indonésia entre 1997 e 1998, que levou à resignação do Presidente Soeharto e à subida ao poder do Vice-Presidente B.J. Habibie.
Segundo Ramos-Horta, Habibie assumiu de imediato o compromisso e a iniciativa de resolver a questão de Timor-Leste antes do final de 1998.
Na sequência, a Indonésia iniciou negociações com Portugal e a Organização das Nações Unidas (ONU), o que resultou na decisão de realizar uma consulta popular que permitiria ao povo timorense escolher entre permanecer como província da Indonésia ou conquistar a sua independência.
O Presidente Ramos-Horta lembrou ainda que, em janeiro de 1999, começaram a surgir vários atos de violência entre os grupos pró-Indonésia e os defensores da independência, numa tentativa de comprometer o processo. No entanto, Xanana Gusmão, atual Primeiro-Ministro, insistiu firmemente que a consulta popular ou referendo deveria realizar-se sem demora.
“Admiro profundamente a liderança de Xanana Gusmão enquanto líder político, pois acompanhei de perto a forma estratégica como conduziu este processo, como se estivesse a jogar xadrez”, afirmou o Chefe de Estado.
Ramos-Horta sublinhou igualmente a importância de reconhecer o papel determinante dos militares indonésios e do saudoso B.J. Habibie na viabilização da consulta, destacando também a mobilização internacional de última hora que permitiu concretizar o referendo. O Presidente apelou, por fim, a uma reflexão nacional sobre a coragem do povo timorense, que, apesar das ameaças e pressões, se dirigiu massivamente às urnas no dia da consulta para decidir o futuro da Nação.
